Quando eu penso que sei todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

7 de jan. de 2012

Criador de Cordeirinhos

Gioclésio nasceu na roça, em uma casa humilde. Desde pequeno, ficava com inveja dos meninos que tinham pelo menos um brinquedo para se divertir, enquanto ele não tinha nada.

Em ano de eleição, a roça vira um paraíso através das palavras dos candidatos que saem à caça de votos.

Nos comícios, são distribuídos cestas básicas, óculos escuros e até dentadura. Gioclésio, vendo aquela festa e ouvindo comentário do tipo "esse cabra rouba, mas faz", ele pensou com os botões, já que o povo não se importa que aquele político roube, vou ser igual a ele.

Desde aquele dia, o menino cresceu com está idéia na cabeça. Foi a todos os comícios eleitorais, conversou com assessores para saber como entrar no clube. Alguns ensinavam os caminhos das pedras, outros davam o contato dos tubarões. Nessas "aulas", ele aprendeu a lição que serve de alicerce de um "bom" político: na hora de pedir voto, ofereça pão e circo. Depois suma.


Quando finalmente se tornou um deles, Gioclésio seguiu a cartilha direitinho. Fez showmícios com as melhores bandas do Brasil; prometeu piscinas para todas as casas da cidade e anunciou a melhor de todas as promessas: fazer chover todos os dias no sertão.

Os anos se passaram e nada disso foi feito. O povo faz cara feia para Gioclésio, ameaça fazer uma revolução, mas quando chega a eleição o político oferece mais pão e circo e os cordeirinhos, digo, os cidadãos, ficam caladinhos, votam nele e até acham que ele é o melhor político que a roça já viu.

Ano entra, ano sai e o criadouro de cordeirinhos nunca fecha, pois eles já estão acostumados a ficar nas mãos do lobo mau, que morde e assopra de acordo com as suas necessidades.

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